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Fonte: Getty Images |
É bem comum
receber pessoas em meu consultório que logo me perguntam sobre minha linha de
trabalho. Noto que o tema é um pouco confuso, até para aqueles que já
participaram de um processo terapêutico antes.
Na história
da psicologia, tivemos ( e temos até
hoje, claro) diversos teóricos que
pensaram sobre o humano. Cada qual construiu suas ideias a partir de um
contexto específico, envolvendo suas experiências profissionais e pessoais.
Perls, Hefferline e Goodman (1951), autores do livro principal da
Gestalt-Terapia – meu referencial teórico -, afirmaram:
“Não é de surpreender que cientistas responsáveis possam
chegar a tantas teorias discrepantes se tivermos em mente que, por razões
diversas de personalidade e reputação, diferentes escolas de terapeutas recebem
pacientes de tipos diferentes, e estes demonstram ser comprovações empíricas de
suas teorias e a base para hipóteses adicionais na mesma linha” (p. 89).
Podemos
refletir a partir da colocação dos autores que a variedade de teorias em
psicologia clínica se justifica pela variedade de experiências vividas pelos
terapeutas que teorizaram sobre o funcionamento do humano, uma vez que as
teorias surgiram a partir da experiência prática dos clínicos. Assim, podemos
pensar que cada modelo de psicoterapia é eficaz porque já foi eficaz para algum
tipo de paciente e, naturalmente, seguirá sendo eficaz para outras pessoas
parecidas.
Penso que esta
variedade de teorias existentes enriquece o nosso conhecimento sobre o homem e
amplia nossas possibilidades de compreender e ajudar diferentes pessoas a
lidarem com diferentes questões em diferentes contextos. Uma pessoa pode ter
melhores resultados com uma terapeuta comportamental, enquanto outra, com uma
psicanalista, ainda que terapeutas formados em quaisquer destas abordagens
sejam capacitados para atender a todo tipo de público.
E o que isto tudo significa para o cliente?
Eu acredito que a abordagem em si deveria importar muito pouco para o cliente.
A teoria e a metodologia são essenciais para o terapeuta pois é a partir destas
que o profissional conduzirá o tratamento. Na maioria das vezes, o cliente
notará poucas diferenças entre uma abordagem e outra, pois o instrumento de
trabalho principal em qualquer psicoterapia será a fala, apesar de não ser o
único.
Então... como escolher um terapeuta?
Recomendo
que o cliente analise a escolha pelo seu terapeuta a partir da relação criada
com ele. Sentir-se acolhido pelo terapeuta e confortável em sua presença será
muito mais importante para o seu desenvolvimento na psicoterapia do que saber a
linha de trabalho utilizada. Do mesmo jeito, oriento: se não der certo com um
terapeuta, não desista de outros apenas por compartilharem de um mesmo
referencial teórico. Existem tantas formas de ser terapeuta quanto existem de
“ser gente”. Certamente, a abordagem não será a única responsável para
determinar o tipo de relação que você terá com seu psicoterapeuta.
Recomendo também a leitura deste artigo: COMO ENCONTRAR UM BOM PSICÓLOGO? (OU COMO ENCONTRAR UM PSICÓLOGO BOM) , que trata de algumas questões de ordem mais prática que podem orientar sua escolha.
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Referência Bibliográfica:
Perls, Frederick; Hefferline, Ralph; Goodman, Paul (1951). Gestalt-Terapia. Ed. Summus, São Paulo.
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