terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Mudanças

Fonte:Getty Images Brasil



Bom, já faz um tempo que não escrevo por aqui e peço desculpas aos leitores, mas o início do ano também foi tempo para novos projetos para mim. Espero que os próximos artigos compensem um pouco a minha ausência. ;-)

E, como dizem que o ano no Brasil só começa mesmo depois do carnaval, nada mais justo do que recomeçar as postagens aqui falando de uma tema que tem tudo a ver com o início do ano: mudanças. Junto com o início do ano sempre surgem novos projetos e a partir daí, acabamos aplicando algumas mudanças em nosso dia a dia. Algumas mudanças na vida são escolhidas e outras são impostas, não é mesmo? Então, vamos abrir espaço para esta reflexão hoje?

Quem aqui já mudou de casa alguma vez sabe o trabalhão que a mudança para o novo lar implica. É preciso procurar por novas casas, escolher a região, comparar preços, empacotar todos os seus pertences e chamar o caminhão da mudança! E, depois, quando chegamos na casa nova, precisamos escolher onde cada uma de nossas coisas irão ficar, onde será a nova casa de cada um de nossos pertences.

Gostaria de me ater a um momento bem específico deste processo para pensarmos em como vivemos nossas vidas e como vivemos nossas mudanças: o empacotar e desempacotar dos nossos pertences. Me arrisco a dizer que esta é a parte mais trabalhosa deste processo e isto porque um momento de mudança é também um momento para se lembrar daquilo que temos guardado. Quantos objetos perdidos são encontrados?! Quantas peças de roupas que já não nos cabem mais aparecem nos guarda-roupas, não é mesmo? No dia a dia, temos o hábito de ir guardando nossas coisas e acabamos até nos esquecendo daquilo que não tem uso diário. E na hora da mudança temos a oportunidade de reencontrar tudo isto que ficou de lado, ocupando espaço. Daí podemos simplesmente empacotar de novo sem nos preocuparmos com a serventia do que estamos levando para a nova casa ou podemos olhar item por item e decidir se o levaremos, se mudaremos sua função na casa nova, se colocaremos à venda ou se entra na pilha das doações. Olhar tudo dá mais trabalho, mas em compensação, quando chegamos na casa nova, sabemos tudo o que temos e com isso podemos lançar mão de uma batedeira esquecida para fazer um bolo cheiroso para comemorar a mudança ao invés de ligar para a mesma pizzaria de sempre para pedir a mesma pizza de sempre.

Em gestalt-terapia, dizemos que “a mudança ocorre quando uma pessoa se torna o que é, não quando tenta converter-se ao que não é” (Fagan apud D´Acri et al, 2007). Assim, só é possível mudar de casa quando olhamos para tudo o que temos e empacotamos para levar para a casa nova. Fingir que parte do que tem na nossa casa não é nosso não é mudar... Já reparou como é quando esquecemos de mudar o endereço das correspondências? A todo tempo teremos de revisitar a casa antiga para pegá-las de volta (ou simplesmente, perturbar os novos inquilinos com uma pilha de correspondências que não lhes dizem respeito). É como se uma parte de nós morasse na casa antiga e o restante, na casa nova. Mudar mesmo é olhar para tudo o que temos, reunir o que é nosso e seguir em frente. Às vezes, é possível dar novos destinos aquilo que é nosso, mas isso só é possível de ser feito quando abrimos os armários para vermos o que temos guardado.

E você, conhece bem o que está guardado nos seus armários?

------
Bibliografia citada:
D´Acri, Gladys; Lima, Patrícia; Ogler, Sheila. Dicionário de Gestalt-Terapia: "Gestaltês". São Paulo: Summus, 2007.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...