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| Fonte: Getty Images Brasil |
O quê é
o seu corpo para você? Eu poderia discorrer sobre os diferentes
espaços (ainda que todos bem centrais) que o corpo tem recebido na
nossa sociedade... No entanto, gostaria que este artigo provocasse um
pouco mais de reflexão pessoal. E quando falamos da relação de
cada um de nós com nosso corpo, evidenciamos o lugar que o corpo tem
estado dentro da sociedade como um todo, uma vez que todos nós
construímos e somos atravessados por estas representações.
Iniciamos, hoje, uma série de artigos acerca da nossa relação com
o corpo nos dias atuais.
O corpo para você
ainda é um estranho?
Você já
se colocou diante do espelho para se ver? Talvez você diga que isto
é óbvio! Que todos os dias nos olhamos no espelho e em qualquer
outro reflexo que encontremos por aí. Mas eu pergunto de novo...
Você já se colocou dianto do espelho para se ver? Não para
ver se as roupas estão combinando, ou se o corte de cabelo ficou
bom, ou para fazer a barba. E sim, para olhar para quem você é. O
corpo é uma parte de quem somos. Não é possível pensar que nos
conhecemos por inteiro se não conhecemos nosso corpo. Se não
olhamos para ele com o olhar curioso e investigamos a parte dele que
está visível (sim, porque há uma grande parte dele que só vemos
na nossa imaginação... na ideia que temos de como são nossos
órgãos internos). O seu corpo ainda é um estranho para você?
Neste exercício de olhar-se no espelho, é possível que você
perceba inscrita no seu corpo toda a sua história e aspectos seus
que você insiste em desviar os olhos mas que aparecem estampados no
seu corpo. Reflita um pouquinho e veja o que aparece.
É
engraçado como muitas vezes tratamos nosso corpo como um objeto que
possuímos, quando, na verdade, existimos através
desse corpo, não é? Ora, se não fosse através dele,
como nos comunicaríamos? Como faríamos carinho no outro? Como
receberíamos afeto? Como olharíamos, pensaríamos, sentiríamos e
agiríamos no mundo? O corpo é a parte de nós que nos permite
viver, existir e fazer contato com o mundo.
Então...
Já parou para pensar que, se o corpo que é o meio pelo qual
entramos em contato com o outro nos é desconhecido, acaba que a
forma como eu me relaciono com o outro também se torna desconhecida
para mim? Assim, é bem possível que uma relação distanciada com
este corpo que você é provoque algumas falhas na comunicação
com outras pessoas e, especialmente com você mesmo.
A boa
notícia é que o corpo não se cala!
Ele é muito concreto para desaparecer... E às vezes, quando nos
esquecemos dele, ele faz presença. Ele nos chama para que
olhemos para ele! Nem sempre esse chamado vem acompanhado de coisas
boas, é verdade... mas se estivermos dispostos a ouvir o que ele
diz, com certeza, os efeitos serão benéficos. Às vezes, é uma
dorzinha persistente que aparece. Às vezes, é o ganho ou a perda de
peso excessiva que fala conosco. A verdade é que o corpo precisa ser
conhecido por nós mesmos e muitas vezes nos esquecemos que ele é
essa parte enorme de nós mesmos. O auto-conhecimento extrapola os
limites do pensar sobre nossa personalidade, porque somos quem somos
por inteiro (e o corpo faz parte deste inteiro)! Então, se você
pensa que se conhece muito bem, mas não conhece seu corpo, talvez,
você não se conheça tão bem assim...
Interessante é que comecei este artigo falando justamente sobre o
quanto o corpo tem sido lembrado na nossa sociedade, pois como disse,
ele tem encontrado um espaço bem central nos nossos discursos. A
questão é que muitas vezes, nos lembramos dele como esse objeto que
nos pertence e que o utilizamos da maneira como bem queremos... Só
que o corpo não é um objeto apenas, ele é quem somos! É uma parte
muito importante de nós mesmos. A questão a se pensar é: quê
relação eu mantenho com meu corpo?
Hoje, nós pensamos nos aspectos do corpo que foram esquecidos e no
próximo artigo, pensaremos sobre os aspectos do corpo que estão
sendo sempre lembrados.
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