segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

“Quem é meu corpo?” - Parte 2.

Fonte: Getty Images Brasil

Vimos no artigo anterior, que nosso corpo muitas vezes é esquecido por nós mesmos. Agora que você, já se lembrou que seu corpo é uma parte importante de você mesmo que faz o contato entre você e o mundo e não, um mero objeto, vamos pensar nos aspectos do nosso corpo que estão sendo sempre lembrados. Neste artigo, pensaremos sobre o aspecto estético.


A todo instante vemos por aí, receitas para ter o corpo perfeito, para perder os “quilinhos a mais”, para tonificar os músculos, para corrigir nossas “imperfeições”... Enfim, para mudar o corpo que somos. É quase como se olhássemos para o nosso corpo e enxergássemos tudo o que ele não é (por isso que o exercício do espelho, sugerido no post anterior, pode ser tão profundo). Muitas vezes é como se olhássemos no espelho e aparecessem dois corpos: o seu corpo real e o seu corpo imaginário - aquele que você gostaria de “ter”. “E qual o problema disso?”, você deve estar se perguntando... Isto não é, necessariamente, um problema. Mas pode ser que seja... E, bem, ouça com atenção: tudo o que eu estou falando aqui não significa que se aplique ao seu caso específico, mas é um elemento a mais para entrar no meio das suas reflexões sobre si mesmo (e claro, se as reflexões acabarem suscitando questões muito complexas, talvez seja interessante buscar um profissional para ajudá-lo a desembaraçá-las).

Bem, voltando à pergunta: “E qual o problema disso?”. Para começar, você percebeu que eu usei o verbo “ter” para falar do corpo. Pois é... não foi à toa. Esta é uma expressão muito comum na venda das dietas milagrosas: “tenha o corpo dos seus sonhos”, algum slogan poderia dizer... E lá vem a ideia do corpo que se tem, mais uma vez! Vamos pensar novamente: o corpo não é um objeto que eu tenho, é uma parte de quem eu sou. Ele também me mostra a forma como eu me relaciono com as pessoas e comigo mesmo.

Assim, a insatisfação com o nosso corpo pode nos dizer muito sobre como lidamos conosco.

Será que assim como fazemos com nosso corpo, temos vontade de extrair cirurgicamente aquilo que desgostamos em nós mesmos? Como lidamos, então, com as nossas partes que não são bem como gostaríamos que fossem? Como, por exemplo, um perfeccionismo que você entende como defeito...

Outras transformações também aparecem em níveis mais simples, como as mudanças de cabelo e maquiagem nas mulheres. O quê escondemos? Nos sentimos a vontade conosco mesmas sem o corretivo o batom?

E as dietas... quem sabe pensando nelas e como as implicamos em nosso corpo não poderemos pensar em como lidamos com as questões de controle? Como controlamos o que comemos? Como é controlar/descontrolar para nós?

E o ideal do corpo perfeito? O que será que ganhamos quando o alcançamos? O que será que está envolvido nesta fantasia do corpo perfeito? Será que este ideal evoca questões de como lido com minha sensualidade e sexualidade? Ou será que poderia falar da forma como lido com os “deverias” da sociedade ( “Devemos ser saudáveis”, “Devemos ser bonitos e pessoas bonitas são assim”, etc).

Todas estas são questões que, podem ou não fazer sentido para você, que podem ou não te chamar para uma reflexão. A idéia do artigo é apenas colocar umas possibilidades na mesa (que podem não servir para você) e relembrá-lo que o corpo não é um estranho a nós mesmos, mas que ele também fala da forma como existimos. E fala também da nossa história.

No entanto, pensar a saúde do corpo não é, definitivamente algo ruim! Não é isto que eu estou dizendo, hein?! Como tudo na vida, precisamos nos perguntar “para quê?” fazemos o que fazemos. Qual a nossa intenção com determinado comportamento. E complemento dizendo que, mesmo que você descubra outros elementos que te motivem à busca deste corpo saudável, você siga nesta busca. Talvez, o que precise acontecer sejam alguns ajustamentos nos objetivos e nas expectativas, mas o caminho pode prosseguir. Porque, afinal, esse ritual em busca da estética também pode representar para algumas pessoas, justamente, o encontro consigo mesmo. Pode ser um momento de dedicação ao seu corpo enquanto presença de quem você é como pessoa. Quem sabe, um jeito de lembrar que você é a pessoa mais importante na sua vida.

Pensamos, neste artigo, sobre o aspecto estético da nossa relação com nosso corpo. Um dos aspectos do corpo que está sempre sendo lembrado pela nossa sociedade. No próximo artigo, refletiremos sobre a psicossomática e a “produção” de doenças da mente sobre o corpo, resgatando sempre esta idéia de que o corpo faz parte de uma totalidade que diz respeito a quem nós somos.

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